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segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O Dia do Terramoto
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
lustrações de Arlindo Fagundes
Obra recomendada pelo Plano Nacional de Leitura
Resumo/apresentação:
Os cientistas da AIVET encarregaram Orlando de ir ao passado estudar o terramoto que no dia 1 de Novembro de 1755 sacudiu e quase destruiu por completo a cidade de Lisboa. Ana e João quiseram acompanhá-lo e partiram com um mês de antecedência. Por isso tiveram oportunidade de conhecer várias pessoas daquele tempo e acompanharam momentos importantes da vida de cada um. João ligou-se ao filho de um ladrão famoso, o Lobo. Ana apaixonou-se por um rapaz de origem francesa. Ambos se envolveram na vida de uma família riquíssima e muito antiquada que não deixa as filhas escolherem noivo e quer obrigá-las a casar à força com homens muito mais velhos. Ana e João, completamente deslumbrados com tantas experiências, quase se tinham esquecido da data fatídica. Mas o dia do terramoto aproximava-se, eles tinham que recolher à máquina do tempo para assistirem a tudo sem sofrerem nada.
A aflição tornou-se ainda maior por já terem amigos e não poderem preveni-los da catástrofe, mas é absolutamente proibido aos viajantes no tempo alterar o destino das pessoas e interferir na História.
Excerto do livro:
«— Ana! — berrou o João, cravando-lhe as unhas no braço. — Ana!
Lívidos de pavor, viram então a cidade ondular, agitar-se numa dança infernal. Palácios, igrejas, casas, cúpulas, torres, moviam-se como uma seara ao vento.
Durante seis minutos intermináveis Lisboa oscilou, rasgou-se, abateu-se como um castelo de cartas. O estrondo daquele mundo que se resolvia numa avalanche de pedra abafou o clamor pavoroso, a gritaria, o desespero de quantos sofriam as horas terríveis do cataclismo.
— É o fim do mundo! É o fim do mundo!
Assombrados com o espectáculo, nem utilizaram o binóculo. As pessoas atropelavam-se para alcançarem lugar seguro. Mas o solo estalava, abria brechas medonhas de onde saíam nuvens de vapor fedorento. As paredes rachavam, os tectos abatiam, as janelas rebentavam, os vitrais estilhaçavam-se, os sinos de bronze precipitavam-se do alto dos campanários, esmagando homens, mulheres, crianças e animais que, prisioneiros do entulho, não conseguiam dispersar.
De repente levantou-se um vento furioso, que avivou as primeiras chamas. O fogo alastrou então em vários pontos da cidade, devorando tecidos, madeiras, palheiros, telhas, sobrados, numa voragem sem fim!
— O fogo está a chegar ao castelo!
— A pólvora vai rebentar!
— A colina vai explodir!
— Deus tenha piedade de nós!
— Para o Tejo! Para o Tejo! — gritou alguém. — Só à beira do rio é possível escapar.
Uma multidão aterrorizada correu para a margem. Espezinhavam-se uns aos outros na ânsia de salvarem a pele. Mas não tardaram a recuar espavoridos. As águas erguiam-se em fúria. Violentos remoinhos sugavam barcos pequenos e grandes arremessando-os de encontro ao cais, onde se despedaçavam.
Depois, um sorvedouro do inferno inverteu o movimento das águas e o rio quase desapareceu, deixando a descoberto um fundo de lodo onde se debatiam peixe e irrompiam jactos de enxofre por entre lama viscosa, a borbulhar.
(in O Dia do Terramoto, pp. 178-181)
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